História

D. Pedro desenhou um mundo onde a «sua imaginação, as suas quimeras, as suas fantasmagorias» seriam interpostas com o real

O Projeto Inicial

D. Pedro de Bragança, de nome Pedro Henrique de Bragança Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, (1718-1761), primeiro duque de Lafões e descendente ilegítimo do rei D. Pedro II, ainda que primogénito varão, vê o seu lugar no trono e no coração de D. Maria I ser ocupado pelo futuro rei D.Pedro III.

Na noite de casamento de D. Pedro III e D. Maria I, em vez de honrar a passagem da carruagem nupcial, iluminando a residência, D. Pedro faz questão de apagar todas as velas, o que lhe valeria a renegação dos seus pares.

Este facto, a par da rivalidade com o já influente Marquês de Pombal, ditou o afastamento de D. Pedro da vida pública e levou-o a refugiar-se, passando a dedicar-se à construção de um reino onírico.

Por defeito de bastardismo e, curiosamente, pelo seu caráter forte, elevado social e status político, D. Pedro, perdeu na sucessão ao título de Rei de Portugal, pelo que decide criar um “reino interior”, no “palácio dos seus sonhos”.

Contratou os artistas mais proeminentes para “criar um lugar que também não é um lugar e isso pode permitir à alma o voo que mais lhe convém”.

Do projeto inicial, para edificar um reino com “quartos estranhos e surpreendentes”, resta um Caderno. O Caderno Mágico, cuja morte do seu autor deixou inacabado.

O Caderno, escrito entre 1745 e 1761, apresenta, em cada uma das suas páginas os princípios que cada quarto e salão do palácio abordaria, acompanhado de um pequeno salmo e alguns esboços.

«No Grilo quero que todos os quartos, tanto na decoração como na função, sejam montados para nós, para ficarmos lânguidos e sonharmos melhor do que em qualquer outro lugar no mundo». D. Pedro de Bragança


A História do Palácio do Grilo
«O Palácio do Grilo, pertencente aos Duques de Lafões, foi edificado nos anos que se seguiram ao grande terramoto de 1755 por D. João Mascarenhas da Silva, 2º duque em título e fundador da Academia Real das Ciências.
A autoria da traça do solar continua envolta em dúvidas, embora vários autores a atribuam ao arquitecto Eugénio dos Santos. O grandioso projecto tinha como objectivo transformar a pequena quinta de veraneio dos duques na sua residência permanente na capital.
Os desenhos originais incluíam a casa, com capela, rodeada de jardim e alameda, prolongando-se esta até ao cais privativo dos duques à beira do Tejo, que então banhava a Estrada do Grilo. Porém, houve uma nítida preocupação do arquitecto em integrar no novo palácio, de forma harmoniosa, a estrutura seiscentista já existente.
Aproveitando o declive do terreno, foi edificado um grande edifício, de planta em L, dividido em três pisos – o rés-do-chão, o andar nobre, e um último piso mais baixo, com janelas de mezanino, muito ao gosto pombalino. Nas fachadas traseiras que abrem para os jardins, devido ao declive do terreno, a disposição dos pisos foi alterada.
O espaço interior destaca-se pelos programas decorativos, de grande riqueza e erudição, nomeadamente os conjuntos de pintura mural da autoria de Cirilo Wolkmar Machado, ou a azulejaria dos séculos XVIII e XIX, que integram as salas temáticas do palácio, como a Sala da Academia, a Sala de Vénus, ou a Sala Chinesa. A capela, de planta rectangular, alberga um retábulo de talha dourada e policromada da segunda metade do século XVIII.»
Catarina Oliveira

Para mais informações
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_do_Grilo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Henrique_de_Bragan%C3%A7a